terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Espiral do Desemprego!

 

Os dados ontem tornados públicos pelo IEFP relativos ao número de desempregados registados durante o mês de Janeiro – cerca de 70.000 – não constituem uma surpresa.

Eram esperados, conhecido que era o grande número de falências, encerramentos e suspensões de actividade verificados em Dezembro.

É provável que o mês de Fevereiro registe números idênticos – senão superiores.

Os dados relativos ao desemprego no primeiro trimestre de 2009 deverão constituir um recorde – triste – histórico.

Provávelmente, a época IATA – estação do turismo – apesar da recessão, vai absorver alguma mão-de-obra e estancar o crescimento dos números.

Mas a situação actual deveria merecer por parte do Governo um Plano de Emergência de Apoio Aos Desempregados – PEAD – visando acompanhar as situações familiares mais críticas, manter os rendimentos familiares e desenvolver programas de reconversão profissional.

Quem trabalha merece tanto apoio como quem investe e se para os investidores no mercado financeiro têm existido os apoios que se conhecem, urge dar alguma confiança a quem não tem mais do que as suas competências profissionais para colocar no mercado.

Com a devida vénia e sublinhado da minha autoria, transcrevo o artigo que o DN publicou sobre a matéria.

 

O número de desempregados detectados pelo IEFP deu em Janeiro o maior salto de que há memória: mais 31 mil em apenas um mês. Os despedimentos crescem e o mercado não absorve todos os que ficam sem trabalho: em Janeiro foram 70 mil, o segundo maior valor de que há registo.

No primeiro mês do ano inscreveram-se nos centros de emprego 70 334 desempregados, o segundo valor mais alto desde, pelo menos, 1979. Este número só foi supe- rado uma vez, quando em Setembro de 2004 se inscreveram mais de 71 mil pessoas, mostram dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e do Banco de Portugal.

As inscrições aumentaram 44,7% em termos homólogos e 27,3% quando comparadas com Dezembro. O número de inscritos ao longo do mês tem vindo, aliás, a subir desde meados do ano passado. De Novembro a Janeiro registaram-se mais de 178 mil pessoas, o que representa o maior aumento homólogo (29%) dos últimos 15 anos.

Já há alguns meses que o mercado não consegue dar resposta ao aumento de novos desempregados. Por isso, os dados relativos aos que permanecem como desempregados no final do mês estão a aumentar e de forma cada vez mais expressiva. De Dezembro para Janeiro, o número de desempregados inscritos no IEFP passou de 416 mil para quase 448 mil. É um acréscimo de 31 mil em apenas um mês. Nunca o IEFP tinha registado um aumento absoluto mensal tão significativo. Em termos homólogos a variação é de 12%, a maior em cinco anos.

"Janeiro é sempre um mês de significativo aumento do desemprego", comenta ao DN Francisco Madelino, presidente do IEFP. Os dados revelam, contudo, que desta vez a subida é mais acentuada (ver gráfico). "A situação este ano é de tensão no mercado de trabalho. Temos a percepção de que se nada fosse feito a crise no mercado de trabalho seria semelhante à de 1992 e 1993", diz, defendendo a eficácia das medidas de apoio ao emprego e do reforço orçamental já anunciado pelo Governo.

Os dados do IEFP não são comparáveis aos do Instituto Nacional de Estatística (INE) - que se baseiam num inquérito trimestral -, que apontam para a estabilização homóloga do desemprego no final do ano passado. Mas, assumindo a mesma população activa, o número de desempregados em Janeiro implicaria uma taxa de desemprego de 8%.

25% foram despedidos

Um quarto das 170 mil inscrições registadas ao longo de Janeiro foi motivado por despedimentos unilaterais (14 724) ou por mútuo acordo (2274). O peso tem vindo a aumentar, já que estas situações explicavam, há um ano, 19% dos casos. Mas o principal motivo continua a ser o fim de trabalho não permanente.

A Região Norte registou o maior número absoluto (24 608), seguida de Lisboa (22 281). Mas foi no Algarve que se registou a maior variação anual: 36,7%.

Os mesmos dados revelam que é no sector da construção que o desemprego acumulado mais cresce (43,8%), seguido das indústrias da madeira e da cortiça (33%) e das extractivas (31%).”

 

 

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