Um quinto dos que estão em ruptura financeira não tem créditos mas acumulou dívidas
LUCÍLIA TIAGO - JN
Casados, com filhos, nível de instrução médio e uma média de três créditos. Este é o perfil mais comum do sobreendividado. Mas esta ruptura financeira é também sentida por quem não tem qualquer crédito e não consegue pagar as dívidas.
Com o aumento do desemprego estão a subir os casos de sobreendividamento. O números de Janeiro e Fevereiro do gabinete de apoio aos sobreendividados da Deco dão conta de uma abertura média de oito processos por dia - exactamente o dobro do registado em 2008. E quem são e como vivem os particulares que estão a entrar em ruptura financeira? As situações são variadas, mas o Observatório do Endividamento dos Consumidores (OEC) procurou traçar uma perfil e conhecer os casos mais comuns.
Os resultados do estudo do OEC (feito com base em inquéritos às famílias que recorrem à ajuda da Deco) mostram que a maioria dos sobreendividados - ou incapazes de fazer face ao conjunto das suas dívidas de natureza não profissional - tem um rendimento mensal que varia entre 500 e 1500 euros e acumulam ao empréstimo da casa e do carro pelo menos um crédito pessoal e um cartão de crédito.
A maior parte revela ter contraído créditos pessoais para aceder a bens que considerou essenciais, mas acima de tudo para fazer face a dificuldades financeiras - pagar dívidas ou outros créditos. A urgência em conseguir dinheiro faz com que se deixem influenciar pela publicidade na escolha da entidade a quem vão pedir o crédito. Nestas circunstâncias acabam por não dar atenção a pormenores relevantes como a taxa de juro que chega a rondar os 30%.
Para assinalar o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor - que hoje se comemora - o Governo aprovou novas regras de publicidade e a obrigatoriedade destas sociedades terem de se inteirar de todos os créditos já contraídos pelos clientes, o que poderá evitar algumas destas situações.
O mesmo estudo permitiu também verificar que são as pessoas que contraem créditos que mais facilmente ficam em situação de sobreendividamento, mas mostra que 19% das famílias em ruptura financeira não tem qualquer tipo de empréstimo ainda que não consiga igualmente fazer face a todas as suas dívidas. Os mesmos dados concluem até que estes casos estão a aumentar, havendo cada vez mais pessoas que acumulam dívidas ligadas a serviços essenciais, seguros, comunicações, creches, ATL e até medicamentos.
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