sábado, 31 de janeiro de 2009

O Novo Romance de António Venda!

Com uma produção literária regular e notável, António Venda lança na primeira quinzena de Fevereiro o seu novo romance.

Não deixem de ler.

 

 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ler o texto nos dois sentidos-Só um génio podia ter escrito isto!

Leia o texto normalmente

ANTES DA POSSE

O nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar os nossos ideais
Mostraremos que é uma grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo da nossa acção.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
as nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos os nossos propósitos mesmo que
os recursos económicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.

 

Agora leia de baixo para cima

 

 

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

KISS e Desemprego!

No dia de ontem, segunda-feira, 27 de Janeiro de 2009, 72.000 pessoas foram despedidas só na Europa e nos EUA.

Desconhecem-se dados dos outros continentes.

As previsões para Portugal apontam para a maior taxa de desemprego dos últimos 23 anos, aproximadamente 9%.

Todavia, quando estiver decorrido o primeiro trimestre, será possível verificar se esses números não serão ultrapassados, pois é nessa altura que a maior parte das empresas encerra as suas contas anuais.

O grupo Phillips já anunciou de imediato 6000 despedimentos. Perdeu dinheiro em todos os negócios com excepção do “medical” que, neste momento, sustenta o grupo.

A indústria automóvel – onde cada despedimento equivale a mais três despedimentos na indústria de componentes – ainda só está a rescindir contratos temporários, mas se as ajudas de Estado não vierem a tempo, vamos ter um verdadeiro cataclismo social em muitas regiões europeias e norte-americanas.

A imprensa tem falado muito dos problemas da Banca e do sector financeiro mas parece que não está atenta à problemática do desemprego e das suas consequências.

Urge debater seriamente este problema e encontrar apoios para as famílias afectadas, caso contrário toda a estratégia de resistência à crise, que assenta na procura interna, vai esboroar-se como um castelo de cartas.

Os governos – português incluído – ainda não perceberam que devem aproveitar esta crise para voltarem aos fundamentos da economia real.

E para isso é necessário adoptar a metodologia KISS – Keep It Simple Stupid. O que, neste caso, quer dizer, apoiar um acréscimo significativo da produção agrícola e industrial. E, fundamentalmente, as micro e pequenas empresas que são as responsáveis por mais de 85% do emprego.

Os grandes projectos geram riqueza – muita para exportar – exigem grandes recursos financeiros, têm impacto no PIB mas não criam emprego significativo.

 

Em vez da máxima habitual da Administração Pública – SE AS COISAS PODEM SER COMPLICADAS PORQUE RAZÃO FAZÊ-LAS SIMPLES – é preferível adoptar o método KISS.

As circunstâncias assim o exigem!

 

Luís Bento

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ano Novo Chinês

Começam hoje as festividades do Ano Novo chinês, que, como sabem, é regido pelo ano lunar.

O novo ano inicia-se sob o signo do Búfalo, que impele as pessoas a trabalharem arduamente apesar das dificuldades (é curioso coincidir com a maior crise económica de sempre na China).

Fala-se em todo o Oriente que, após o término das festividades – na próxima sexta-feira – muitas empresas chinesas não vão voltar a abrir portas, nomeadamente empresas de manufactura (electrónica, eléctrica, têxtil, confecção, etcc.)

Alguns especialistas até afirmam que a crise económica vai começar agora e o desemprego na China vai disparar. No último mês DEZ MILHÕES de pessoas estavam em viagem para regressar ás suas aldeias pois haviam perdido o emprego na cidade.

O que é grave é já não sabem efectuar trabalho agrícola e, em muitos casos, a sua família dependia exclusivamente do dinheiro que eles mandavam.

Faço votos para que o ano do Búfalo, através do trabalho árduo, permita criar condições para a superação das dificuldades actuais. Perante um no vo Ano devemos sempre dizer:

Bom Ano Novo!

 

 

 

Ai recessão, recessão!!

Texto da minha próxima crónica na revista HUMAN:

 

“As perspectivas para a economia portuguesa no período 2009-2010 são marcadas por um quadro de interacção entre uma crise sem precedentes nos mercados financeiros internacionais e um forte abrandamento da actividade económica à escala global, sendo expectável a ocorrência de um cenário recessivo na generalidade das economias avançadas e um baixo crescimento nas economias de mercado emergentes. Assim, as actuais projecções para a economia portuguesa apontam para uma contracção da actividade económica em 2009, seguida de uma recuperação moderada em 2010, num contexto em que a persistência de um conjunto de fragilidades de natureza estrutural continuará a condicionar o desempenho da economia.

A actividade económica em algumas das principais economias avançadas evidenciava já uma tendência de desaceleração desde o final de 2006 decorrente, em certa medida, do aumento do preço das matérias-primas nos mercados internacionais e do ajustamento em baixa dos preços nos mercados de habitação em vários países. A crise financeira que eclodiu em meados de 2007 acelerou esta tendência, nomeadamente pelo impacto negativo nas expectativas dos agentes económicos e na sua situação financeira, e deverá contribuir quer para uma recessão nas principais economias avançadas quer para uma significativa desaceleração da actividade nas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento, as quais vinham registando ritmos de crescimento superiores aos tendenciais.

Uma pequena economia aberta plenamente integrada em ter mos económicos e financeiros como a economia portuguesa tende a ser afectada por estes desenvolvimentos, em particular atendendo ao seu elevado nível de endividamento.”

(Fonte: Banco de Portugal, Textos de Política e Situação Económica, Inverno de 2008, Boletim Económico | Inverno 2008 Volume 14, Número 4)

(sublinhados do autor)

 

 

            Os portugueses estão divididos!

            Entre o conceito popular de recessão – “a minha vida está a andar para trás” – e as previsões de contracção (sinónimo de muitas dores) do Banco de Portugal, passando pelos discursos pouco acertados do Sr. Primeiro-ministro e do Sr. Ministro da Finanças – que falam de “recessão técnica” (ou seja, uma economia que durante dois trimestres consecutivos “cresce negativamente” (como se crescer sinónimo de minguar), os portugueses continuam sem saber, exactamente, como classificar a actual situação económico-financeira. E contavam com o governo para os ajudar a perceber.

            Vejamos:

a)      A OCDE não tem dúvidas, chama-lhe recessão;

b)      O Banco de Portugal tem dúvidas, chama-lhe contracção num quadro generalizado de abrandamento da actividade económica;

c)       O governo não acredita em previsões – segundo o próprio Ministro das Finanças nem nas efectuadas pelo seu Gabinete – e, portanto, para não ser acusado de parcialidade, não aceita as previsões da OCDE nem segue a terminologia do Banco de Portugal. E porque contávamos com o governo para nos esclarecer – os governos também servem para esclarecer os cidadãos – os portugueses estão divididos.

 

Devemos acreditar em quê? Na progressiva diminuição da nossa conta bancária? No desemprego que começa a tornar-se um verdadeiro flagelo afectando milhares e milhares de famílias? No encerramento das empresas? No Banco de Portugal? Na OCDE? Nos “Gato Fedorento”? No Marcelo rebelo de Sousa? Na Manuela Ferreira Leite?

 

            A citação inicial deste escrito, que constitui a introdução ao texto referido do Banco de Portugal, pela adjectivação que utiliza – pretensamente “não-comprometida” com nada, também nada ajuda ao nosso esclarecimento e ao esbater da divisão que neste momento existe entre os portugueses.

            Estamos divididos entre dois grandes blocos.

            De um lado os que não têm quaisquer dúvidas que estamos, efectivamente, em recessão económica e em crise financeira. Este bloco é constituído por todos aqueles que sentem a sua conta bancária a emagrecer, que já perderam o emprego, que não conseguem um empréstimo bancário e que não têm possibilidade de honrar os seus compromissos nem pagar as suas contas. Estes não têm dúvidas: o país está em recessão!

            Do outro lado estão aqueles que, embora vejam os seus rendimentos a diminuir, ainda têm emprego e conseguem pagar, com algum esforço, as contas da electricidade, do gás, da prestação da casa e do carro. Estes concordam com o Banco de Portugal e acham que o País não está em recessão mas sim num processo de abrandamento económico (esquecem-se que o abrandamento, normalmente, acontece antes de pararmos).

            Quer isto dizer que, ao fim e ao cabo, não devemos ficar surpreendidos pelo facto de o governo não nos esclarecer.

            O governo, afinal, como representa todos os portugueses, assume a divisão em que estes se encontram: nem estamos em recessão, mas estamos em recessão, mas nós não estamos em recessão por nossa causa mas devido ao abrandamento da actividade económica dos outros países. Porque, afinal, nós por cá todos bem!

 

            Ai recessão, recessão!!!

 

 

 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Reflexão sobre o Emprego em tempos de crise!

O António, depois de dormir numa cama fofa (Made in Pakistan) com uma almofada de algodão (Made in Egipt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã.

Depois de um banho quente (água aquecida num esquentador Made in Germany) com sabonete (Made in France) e shampoo (Made in Italy) e enquanto o café (importado de Colombia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China) e colocou um after shave e um desodorizante (Made in EUA).

Vestiu uma camisa de algodão (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e um relógio de bolso (Made in Switzerland). Depois de preparar as torradas de pão de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Korea) para ver as previsões meteorológicas.

Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego. Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza "pre-cooked" congelada (Made in Italy), o António decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se no sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonesia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...

 

 

 

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Yes, they can!!!

 

Dia histórico.

Um homem que à 45 anos não podia entrar num restaurante e ser servido à mesa em Washington, acabou de tomar posse nesse mesmo local como Presidente dos EUA.

Não vai mudar o mundo, de certo, mas tem a tarefa árdua de suceder a alguém que deixa um legado infernal: a maior crise económica depois da recessão de 1929, duas guerras em curso, o apoio descarado ao complexo militar industrial, 40 milhões de pobres no próprio país, milhões de pessoas sem direito a assistência médica, ódio à negociação e à Paz, o aquecimento global, incumprimento do protocolo de Quioto, a maior dívida pública do mundo e uma economia de casino especulativa.

É isto tudo que o primeiro Presidente negro da história americana recebe como legado.

Que Deus o proteja e o guie!

Todos nós acreditamos, mas “eles” podem!!!

 

domingo, 18 de janeiro de 2009

O Caso SEBER FARMACÊUTICA!

Uma empresa altamente rentável, com 120 trabalhadores e excelentes resultados no ano passado, sem dívidas à Banca, ao Fisco ou à Segurança Social, acabou de encerrar.

E a entidade patronal argumenta que tem o direito de abrir e fechar empresas quando quiser.

Questionado pelo “Expresso” sobre a situação em que ficam os trabalhadores, disse que pagava as indemnizações previstas na Lei e depois o Estado que tomasse conta deles.(sic.)

Não se conhece qualquer intervenção da polícia, do Estado ou da Autoridade para as Condições de Trabalho visando impedir este acto perfeitamente ilegal.

Mas o mais inquietante é que alguém, na actual situação de gravíssima crise económica e financeira, possa desbaratar um património humano e económico de elevado valor.

Será que este encerramento é o prenúncio de alguns outros?

Será que enquanto uns temem pela sobrevivência das empresas porque não têm acesso ao crédito ou porque a procura diminui, outros, bem instalados, acham que podem encerrar a empresa quando querem só porque detêm o capital?

As empresas não têm um papel social? Não será por isso que o seu contrato constitutivo se chama “pacto social”?

 

É inconcebível que, nos tempos que correm, a Ética nos Negócios – por parte de alguns – seja letra completamente morta!

 

O caso da SEBER FARMACÊUTICA é mesmo um caso de estudo!

Sobre tudo o que não deve ser feito nos dias que correm.

O Governo ainda está silencioso. Porquê?

 

 

 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Eduardo Prado Coelho - pouco antes da morte!

“A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como
 Cavaco, Durão e Guterres.
 Agora dizemos que Sócrates não serve.
 E o que vier depois de Sócrates também não servirá para  nada.
 Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que
 foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
 O problema está em nós. Nós como povo.
 Nós como matéria prima de um país.
 Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre
 valorizada, tanto ou mais do que o euro.
 Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
 Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas  caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ  JORNAL,  DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
 Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras
 particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,
 como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, lips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.
 Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque
 conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda
 a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
 Pertenço a um país:
 - Onde a falta de pontualidade é um hábito;
 - Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
 - Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
 - Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
 - Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
 - Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar
 projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe
 média e beneficiar alguns.
 Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas
 podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
 - Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma
 criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto
 a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
 - Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
 - Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a
 criticar os nossos governantes.
 Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor
 me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de
 trânsito para não ser multado.
 Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
 Não. Não. Não. Já basta.
 Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta
 muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
 Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTICE  PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se
 converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade
 humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é
 real e honestamente má, porque todos eles são portugueses
 como nós,  ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
 Fico triste.
 Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o
 suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima
 defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
 E não poderá fazer nada...
 Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas
 enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar
 primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
 Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve
 Sócrates e nem servirá o que vier.
 Qual é a alternativa?
 Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a
 força e por meio do terror?
 Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a
 surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os
 lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados,
 igualmente estancados....igualmente abusados!
 É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone
 começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento
 como Nação, então tudo muda...
 Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam
 um messias.
 Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada Poderá fazer.
 Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
 Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
 Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e,
 francamente, somos tolerantes com o fracasso.
 É a indústria da desculpa e da estupidez.
 Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir)  que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
 Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O
 ENCONTRAREI  QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
 AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
 E você, o que pensa?.... *MEDITE*!”

EDUARDO PRADO COELHO, in Jornal Público, 25.08.07

sábado, 3 de janeiro de 2009

Andar a "nove"!

ANDAR A NOVE COMO OS ELÉCTRICOS


Eurico de Barros
Jornalista

Finalmente, descobri a origem da expressão popular "andar a nove", e por um puro acaso. A caixa publicada este Natal com os DVD de O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro, e O Pátio das Cantigas, de Ribeirinho, restaurados e remasterizados, inclui entre os seus numerosos extras um belíssimo documentário assinado pelos dois irmãos Ribeiro, As Rodas de Lisboa.

O filme foi feito em 1951, encomendado pela Carris para assinalar os 50 anos da electrificação dos transportes públicos em Lisboa. Além de cumprir detalhada e exemplarmente a encomenda, As Rodas de Lisboa deixa-nos ver como era a Lisboa de há meio século: já com bastante trânsito, e atravessada de ponta a ponta não só pelos "amarelos" a rolar nos seus carris, como também pelos "verdes", os saudosos autocarros de um e dois andares, entrados ao serviço por altura da inauguração da Exposição do Mundo Português.

Ambos permitiam também à miudagem coleccionar os bilhetes de várias cores, conforme a zona para onde fossem. Houve mesmo uma altura em que estes modestos bilhetinhos chegaram a ter tanta importância nos recreios das escolas como os bonecos do futebol ou os cromos das colecções mais finaças, tipo Povos e Raças do Mundo, ou Maravilhas do Mundo Animal.

No documentário, António Lopes Ribeiro e Ribeirinho não se esqueceram de ir filmar a gráfica da Carris, onde eram impressos os famosos bilhetes coloridos, de que se chegaram a fazer milhões anualmente.

E, a páginas tantas, durante a sua visita às instalações da Carris, os realizadores filmam, nas "modernas oficinas", o (então) recente e sofisticado sistema mecânico que permitia aos eléctricos desenvolver velocidade, e que apresentava nove níveis diferentes. Orgulhosamente, dois mecânicos mostram a enorme peça para a câmara. E diz a inconfundível voz de Fernando Pessa, encarregue da locução de As Rodas de Lisboa: "E assim está explicada a origem da popular expressão 'andar a nove'". Não fazia a menor ideia que estava relacionada com o aparecimento dos eléctricos e com a "última palavra em mecânica" que os movimentava.

Será que ainda alguém a utiliza? Terá sobrevivido na boca das pessoas, agora que quase já não circulam os eléctricos que lhe deram vida? Não conheço muita gente que a use, e a última vez que a ouvi foi empregue por uma pessoa de idade, na rua, uma avó exasperada com o neto pequeno que se lhe queria desprender da mão a toda a força: "Daqui a nada estás a andar a nove!".

O miúdo ficou impávido e sereno perante a ameaça, pelo que concluí que a expressão não transitou de uma geração para a outra e mais valia a senhora ter-lhe prometido "um ensaio de porrada" ou qualquer coisa neste género.

"Andar a nove" é uma expressão aparentada com "andar a toque de caixa", que tem origens militares, contrastando com a origem "civil" daquela. O "toque de caixa" remete para os tambores que acompanhavam e pontuavam a marcha dos soldados. E tal como se apropriou do rufar dos tambores e o trouxe para a linguagem quotidiana, o povo também foi buscar a nona velocidade do eléctrico.

 

 (do Diário de Notícias de hoje, com a devida vénia)